Documento da semana! A disputa entre Castello Branco e Costa e Silva pela sucessão da presidência

Veja aqui o documento da semana em destaque! A disputa entre Castello Branco e Costa e Silva pela sucessão da presidência
Confira o documento na íntegra no nosso acervo: Telegrama de Harold M. Midkiff para Embaixada do Rio abordando reportes de fontes sobre as eleições
Esq./dir.: Costa e Silva (1º); Ernesto Geisel (2º); Castelo Branco (3º, discursando).
CPDOC/FGV EG foto 0111

A disputa entre Castello Branco e Costa e Silva pela sucessão da presidência

Uma das disputas consequentes da ditadura envolveu a rusga entre o presidente Castello Branco e seu ministro da Guerra, Costa e Silva, durante o mandato de Castello (1964-1967). No final de 1965, após a decretação do Ato Institucional número 2, Costa e Silva antecipou-se a movimentações de Castello e lançou-se candidato à presidência da República, para o que parece ter sido desgosto do presidente-general.

No documento da semana de hoje temos um exemplo de uma fonte primária curta, em termos de extensão textual, mas muito significativa. Trata-se de um telegrama do Consulado norte-americano em Salvador para a Embaixada ianque no Rio de Janeiro em abril de 1966, momentos antes de a convenção da recém-criada ARENA decidir qual candidato o partido apoiaria para as eleições presidenciais indiretas de 1966. 

Entre os pré-candidatos, estavam o próprio Costa e Silva, evidentemente, e Bilac Pinto, ex-presidente da Câmara de Deputados e à época embaixador do Brasil na França. O telegrama do Consulado norte-americano em Salvador informa que “uma fonte próxima” ao deputado federal João Mendes – um político anticomunista que se destacou ao liderar uma frente parlamentar em oposição ao governo João Goulart – teria dito que Castello Branco estaria tentando “comprar” delegados da convenção da ARENA a fim de que Bilac Pinto fosse consagrado candidato oficial do partido à presidência, e que, diante disso, militares estariam se articulando para dar um golpe e transferir a presidência imediatamente a Costa e Silva, driblando a articulação de Castello Branco.

No final das contas, Costa e Silva ganharia a nomeação oficial como candidato da ARENA à presidência, batendo Bilac Pinto. Mas essa nomeação não significaria o fim de rumores golpistas – agora, por parte de Castello Branco – para tentar impedir com que seu ministro da Guerra se transformasse no futuro presidente da República. 

Prof. Dr. Felipe Loureiro,

Vice-coordenador do NACE CNV-Brasil,

Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo