Pular para o conteúdo

Documento da semana! Análise da Embaixada dos Estados Unidos sobre as figuras mais influentes do governo Goulart no início de 1964

Veja aqui o documento da semana em destaque! Análise da Embaixada dos Estados Unidos sobre as figuras mais influentes do governo Goulart no início de 1964
Confira o documento na íntegra no nosso acervo: Telegrama aéreo de John Keppel para o Departamento de Estado listando as personalidades mais próximas a João Goulart
Presidente João Goulart e ministros durante cerimônia oficial. Fonte: CPDOC/FGV ELS foto 079

Análise da Embaixada dos Estados Unidos sobre as figuras mais influentes do governo Goulart no início de 1964

Um dos debates mais longevos sobre a relação Brasil-EUA durante o governo Goulart tem a ver com a interpretação que Washington construiu sobre o presidente brasileiro. Teriam os Estados Unidos assumido que Goulart seria comunista e por isso concluíram que a unica saída seria retirá-lo do poder à força?

No documento desta semana do Nace Cnv-Brasil, percebe-se a complexidade que é para um governo estrangeiro, por mais poderoso que seja – como o eram os EUA à época – ter uma noção precisa dos intuitos e objetivos de um governante local, e da maneira pela qual a formulação e implementação de políticas é feita por esse governo.

Trata-se de uma análise da Embaixada norte-americana no Rio sobre quem seriam as pessoas mais influentes que rondavam Goulart no inicio de 1964, e qual seriam as intenções últimas do presidente brasileiro.

As respostas são ambíguas. Apesar de a Embaixada ter elencado 17 pessoas como as mais influentes no entorno de Jango, aquela que a Embaixada considera a mais influente – o empresário Jorge Serpa Filho, diretor da Cia Siderúrgica Mannesmann – não há muitas informações sobre (até hoje, aliás, o papel de Serpa no crepúsculo da administração Jango é uma das incógnitas que a literatura ainda não conseguiu decifrar).

Da mesma forma, apesar de não afirmar que Goulart seja comunista ou que esteja rodeado de comunistas (prestem atenção nos números ao lado dos assessores de Goulart; referem-se às categorias ideológicas criadas em 1962 e sobre as quais já expusemos aqui como documento da semana), ou que tenha como finalidade alterar radicalmente a estrutura da sociedade brasileira, a Embaixada reconhece que não pode apostar com certeza qual rumo Goulart tomará em seu governo.

Isso mostra que, mesmo com o governo norte-americano já atuando para conter e desestabilizar Goulart, as coisas ainda não estavam determinadas no sentido de uma política para retirar Goulart do poder a todo custo, pelo menos não em janeiro de 1964.

Prof. Dr. Felipe Loureiro,

Vice-coordenador do NACE CNV-Brasil,

Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo