Documento da semana! Classificação ideológica dos governadores eleitos em 1958 e 1960
Confira o documento na íntegra no nosso acervo: Telegrama aéreo de Ronald Schneider para o Departamento de Estado em Washington D.C. sobre governadores e vice-governadores do Brasil eleitos em 1958 e 1960 – NACE CNV-Brasil
Classificação ideológica dos governadores brasileiros eleitos em 1962 segundo a Embaixada dos Estados Unidos da América
Após termos trazido a classificação ideológica desenvolvida pela Embaixada norte-americana para separar políticos brasileiros nas eleições de 1962 – criada visando ajudar os ianques a saber quem eles deveriam apoiar no processo eleitoral –, faltava, claro, dar nome aos bois, mostrando como políticos brasileiros foram classificados de fato pela Embaixada.
No documento desta semana, trazemos a classificação ideológica dos governadores eleitos no Brasil elaborada pela Embaixada dos Estados Unidos nas eleições de 1958 e 1960 (lembrando que, à época, as eleições para governadores não aconteciam todas no mesmo ano).
O que se vê dessa classificação é uma preponderância de governadores e vice-governadores classificados como políticos “centristas” (categoria n° 5), como no caso dos governadores Aluízio Alves (RN), Carvalho Pinto (SP), Juraci Magalhães (BA) e Magalhães Pinto (MG).
O governador da Guanabara, Carlos Lacerda, que era um dos principais aliados políticos dos norte-americanos, foi o único mandatário estadual colocado naquela que seria considerada a “melhor” categoria para Washington – a de “reformistas radicais não-comunistas” (categoria n° 4) –, apesar de a Embaixada reconhecer que Lacerda poderia estar na categoria 5, ou seja, na dos “centristas”.
No campo das esquerdas, os números são mais modestos – apenas quatro governadores eleitos em 1958 e 1960 ficariam em categorias desse espectro ideológico.
Destaque para o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, alocado na categoria n° 2 (“inocentes úteis”), mas que a Embaixada entendia que poderia estar muito bem alocado no grupo dos “comunistas ou cripto-comunistas” (categoria 1); e os governadores do Amazonas (Gilberto Mestrinho), Goiás (Mauro Borges) e Piauí (Chagas Rodrigues), todos vistos como “ultranacionacionalistas de esquerda” (categoria 3).
Para os norte-americanos, as eleições de 1962 não mudariam esse quadro de predominância conservador-centrista, vide os casos de Ademar de Barros em São Paulo e Ildo Meneghetti no Rio Grande do Sul. Uma adição importante no campo das esquerdas seria a eleição de Miguel Arraes em Pernambuco, que seria alocado na categoria 2, mas que, assim como Brizola, acabaria sob suspeita norte-americana de ser “comunista ou cripto-comunista”.
Prof. Dr. Felipe Loureiro,
Vice-coordenador do NACE CNV-Brasil,
Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo